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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

MEU NOME É POESIA...



Eu me chamo Poesia...
Sou filha do Belo e da Arte...
Moro em sua fantasia...
Eu estou em toda parte!...


Eu estou nas madrugadas, 
e nas noites mais escuras...
Eu vivo nas alvoradas, 
tão sorridentes e puras!...


Poesia é meu nome...
Nome que você só chama
quando um amor o consome,
e um poema lhe declama!...


E depois, você me esquece...
Fica sua alma vazia!...
Pois você só me conhece
por meu nome - Poesia...



Cláudio Luiz
Em janeiro de 2011


domingo, 3 de setembro de 2023


A MÚSICA E A POESIA







Pelas musas sempre protegidas,

a Música e a Poesia

são duas irmãs muito unidas,

plenas de encanto e magia,

admiráveis por sua beleza,

tão sublimes em sua pureza,

que pela infinda Natureza

seu terno amor se irradia!...



Mas com tantas virtudes embora,

de ambas, uma é preferida

do mundo, por sua voz canora,

- a Música, tão extrovertida,

paixão dos deuses e dos mortais,

que em seus acordes magistrais

suscita-nos suspiros e ais

da emoção mais desconhecida!...



Discreta e alheia à fama,

a Poesia faz-se quietude,

mas aos sentidos de quem a ama,

em tão fascinante atitude,

sopra suaves inspirações,

tocando dormidas emoções,

que sequer sonham as multidões,

no alvoroço que as ilude!...



A Música cavalga os ventos,

arrebatando-nos corações,

extravasando-nos sentimentos,

entusiasmando as multidões!...

Mas no silêncio, a Poesia

faz-se luar e se irradia,

impregnando toda melodia

co'a magia das inspirações!...



A Música provém d'um mistério

que sequer os deuses desvendaram;

a Poesia, de seu etéreo

Parnaso - que poetas sonharam!...

Música - beleza infinita! -,

por quem nosso coração palpita!...

Poesia - se sutil nos visita,

só os poetas nela reparam!...



E foi ao voltar a Primavera

que, - a beber das inspirações,

d'uma fonte que mais pura era,

neste reflorir das estações,

-reencontraram-se as irmãs,

que são do belo as artesãs,

e ao perfume daquelas manhãs,

sonharam ideais criações!...



— Ó vem, vem comigo, Poesia!...

Quero apresentar-te ao mundo!...

- disse a Música, -voz macia...

— Vem revelar-lhe teu dom profundo!...

Unamos as vozes n'um só tema,

-lira, melodia e poema -,

criando a beleza suprema

aos humanos de sentir fecundo!...



— Levemos aos poetas da terra,

a seus menestréis e trovadores,

a inspiração que se encerra

na fonte que murmura amores,

donde, sob a sombra dos balcões,

e ao pulsar de suas paixões,

trarão à luz imortais canções,

eternizando nossos pendores!...



— Oh! sim, Música! Irei contigo!

- respondeu Poesia, sorrindo.

— Tua feliz ideia bendigo,

e teu convite é tão bem-vindo!...

Lavras dos músicos e poetas,

as canções, de belezas repletas,

serão nossas moradas secretas,

mundo em fora nos difundindo!...



E nas asas da brisa sutil,

a Música e a Poesia,

naquele dia primaveril,

partiram rumo à utopia!...

E rondaram palácios em festa,

saraus e a taberna modesta;

e à luz que a lua empresta,

sopraram canções a quem sentia!...



E assim, grandes compositores

de clássicos internacionais

surgiram, cantando seus amores,

em canções tornadas imortais,

com letras ricas de poesia,

unidas, em plena harmonia,

à música, que deles fluía,

e que não esquecemos jamais!...



Estes músicos, - cujas canções,

d'amores frustrados ou ditosos,

comoveram tantas gerações,

- lembram-nos hoje dias saudosos,

em que resguardados sentimentos

trocavam olhares, por momentos,

cartas, retratos e juramentos,

sublimes símbolos amorosos!...



Não mais surgiram belas canções...

E assim, a beleza morria!...

Pois a Fonte das Inspirações

de saudades também fenecia!...

Porém, as musas, - ah! sempre elas! -,

vêm a chamar pelas duas belas,

e já partem as quatro donzelas

para a fonte que se exauria!...



E de volta à fonte querida,

a Música e a Poesia,

com amor, devolvem-lhe a vida,

- e a inspiração renascia!...

E ambas artes, desde então,

zelam a fonte com devoção,

- e o mundo, sem inspiração,

sentiu falta de sua magia!...



E idos os bons compositores,

não mais surgiram novos talentos,

que eternizassem seus amores

em canções plenas de sentimentos!...

Mas comovidas por dó profundo,

as artes irmãs, por um segundo,

encontram-se, às vezes, no mundo,

- e sopram inspirações aos ventos!...



Cláudio Luiz Sá Brito Machado

Em 11 de outubro de 2015


quarta-feira, 15 de abril de 2020

O ANTIQUÁRIO

Um dia, já faz alguns anos, andando pelo centro da cidade, em meio ao ruidoso apelo comercial das lojas, e ao apressado movimento da multidão, encontrei uma pequena loja de antiguidades, em uma velha casa que fora de moradia.

Atordoado pelos desnorteantes ritmos das músicas modernas que em alto volume as lojas dirigem a nossos ouvidos, parei em frente ao tranquilo antiquário.


O interior da casa era pouco iluminado, e não convidava os consumidores a entrar. Mesmo assim, aproximei-me da porta.


Lá dentro, vi, ao fundo, um velhinho com calças de suspensório, que ajeitava discos em uma estante.


Uma bela vitrola antiga enfeitava o balcão da loja.


- Boa tarde, Senhor – disse eu, entrando.


Virando-se para mim, o velhinho respondeu ao cumprimento.


- Muito bonita a sua loja! O que o Senhor tem aqui?


- Ah! aqui tem de tudo um pouco: livros antigos, discos, quadros, rádios, toca-discos... coisas para colecionadores.


- Posso ouvir os discos nesta vitrola, antes de comprar?


- Fique à vontade – respondeu. – Isso para mim é uma distração. Não sei até quando vou ter esse sebo. A idade já chegou e nunca se sabe o dia de amanhã.


O velhinho mostrou-me os discos antigos que possuía e escolhi os melhores para ouvir na vitrola. 


Vários deles tinham as marcas do tempo, nas capas e nas ranhuras. Mas guardavam ainda o dom que tem a música de tocar nossa alma. E fizeram-me aflorar emoções há muito reprimidas pelo peso dos dias de hoje.


De vez em quando, a voz de um grande cantor passava a repetir as mesmas palavras, mostrando quantas vezes o disco já foi ouvido.


As pessoas que passavam pela loja olhavam para seu interior, ao ouvir aqueles clássicos da música internacional.


O antiquário abrandou o sufocante burburinho daquela tarde, e senti a liberdade dos sentimentos juvenis.


Comprei diversos discos do velhinho.


- Qualquer dia voltarei aqui – disse-lhe eu.

- Quem sabe! – respondeu. – Enquanto eu puder levar essa brincadeira, seja bem-vindo.

Depois desse dia, sempre que a vida se tornou cruel e sem sentido, ouvi os velhos discos que comprei no sebo.


Ontem, senti vontade de visitar novamente a casa.


Mas o antiquário não existe mais. No local está sendo construído um edifício de dez andares.



















Cláudio Luiz Sá Brito Machado
Em 15 de abril de 2020

domingo, 29 de março de 2020

DEDICADO A GAL COSTA

Gal Costa nos transmite sensações e emoções inefáveis. 

Por sua voz maviosa, seu carisma e fascínio que exerce sua personalidade, senti uma grande necessidade de escrever este poema.

Era um dia do ano de 2011















GAL


Brilha Gal
tal e qual
um cristal!...
Um diamante
tão brilhante
lembra Gal!...
Seu cantar,
pura fonte
que do monte
vem brotar!..
É sua voz,
para nós,
clara foz,
manancial
natural,
diapasão
divinal
da canção
popular!...


Cláudio Luiz Sá Brito Machado

domingo, 29 de setembro de 2019

GENESIS

Sou o eco inconsciente
da convulsão do universo
magma que busca o fogo
instinto que atrai a razão.
Sou memória primordial
da causa da existência
sou a matéria inerte
que se tornou pensamento.
Sou o verme que se ergue
e habitou em cavernas
as espécies que se movem
e dominam sobre a terra.
Sou pai de antigas crenças
que se chocam entre si
vida que surgiu das águas
anteriores  à Criação.
Sou as raças  mudando sua cor
em incessantes migrações
todas sob o mesmo sol
tão iguais em sua origem
tão iguais em sua essência
e se tornando etnias
de aparentes diferenças.
Sou a longa noite da História
que se perdeu em si mesma
e só entrevemos nas sombras
dos sonhos da Mitologia.
Sou o antigo patriarca
que submete esposa e filhas
e humilha filhos varões
ao pé dum obelisco
símbolo de sua origem
em infame adoração.
E sou o seu primogênito
tratado qual meio-homem
que se vinga em seus iguais
e faz surgir o machismo.
Sou sacerdote de Babel
que tenta desvendar os céus
sou a confusão das línguas
e fanatismo das religiões.
Sou o inimigo de mim mesmo
emaranhado  de conflitos
esconderijo  de complexos
que  ameaçam minha espécie.
Quem sou eu, que nem mesmo sei
o que sinto ao dizer “eu”?
Quem sou, se meu próprio deus
me responde  “Eu sou quem eu sou”?
Quem sou, que mesmo assim, 
me  julgo tão superior
aos que tiveram a mesma origem
no princípio do universo
e mesmo que eu não perceba
se perguntam como eu
a cada instante – “Quem sou eu”?

Cláudio Luiz Sá Brito Machado
Em 28 de setembro de 2019





terça-feira, 28 de maio de 2019

MEMÓRIAS DE UM DIÁRIO DE BORDO


A toda criatura branca, amarela, vermelha ou preta,

seja pessoa, corvo, camaleão ou borboleta.





Pioneiros nautas europeus aportados
à África – e eu, Diário de Bordo, - 
dos castelos reais ficamos admirados,
suntuosos monumentos que bem recordo!...

Súditos leais de reis cristãos europeus,

grafaram respeitos ao povo africano,
a cujos reis pregaram amar só a Deus,
negando seus deuses, pagãos ao Vaticano!

E fiéis os negros a suas divindades,

não se lhes furtaram seus reis à devoção;
- e caiu a farsa das cristãs caridades!...

E do despeito à torpe difamação,

lavraram-me os brancos muitas falsidades,
- sacros pretextos à negra escravidão!










Cláudio Luiz Sá Brito Machado

Em 28 de maio de 2019


Inspirado no trabalho acadêmico

“Os Nossos Antepassados Eram Deuses”,

de autoria da Dra. Claude Lépine, professora


de Antropologia do Depto. de Sociologia e

Antropologia da Faculdade de Filosofia e

Ciências, UNESP, campus de Marília. 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

PRENÚNCIO DE PRIMAVERA

No clamor das noites primaveris,
ao sopro dos jardins inebriantes, 
renascem sonhos de paixões febris,
da brisa, em apelos sussurrantes!...

Eflúvios de vozes e fragrâncias
pelos ares, suaves, se difundem,
a chamar por amores nas distâncias,
e entre seus suspiros se confundem!...

Anseios excitados por odores
vicejam numa flora encantada,
de bosques e jardins tão sedutores!...

E quando se faz enfim madrugada,
e as estrelas velam por amores,
eis a Natureza enamorada!...


Em 26 de novembro de 2018






segunda-feira, 4 de junho de 2018

ASSIM NASCEM AS CANÇÕES...



A poesia que há na inspiração musical...















Poemas...

desabafos de uma alma

que dão sentido à nossa dor!...

Canções...

formas frágeis, impalpáveis,

que nos falam de amor!...


Como nascem os poemas,

assim nascem as canções,

os sentimentos por temas,

ao pulsar das ilusões!...


Um seresteiro apaixonado

morre só e desprezado,

levando somente consigo

mágoas que o violão amigo

sublimou em suas canções...

Mas sua musa decantada

ficará eternizada

ao passar das gerações!...


Desses sonhos que se apagam,

assim nascem as canções!...


Da euforia de um momento,

tão fugaz como é o vento,

nasce, assim, uma canção;

e das horas de dilema,

adornando um poema

que nasceu da solidão!...


Como dor que amadurece,

cristalizando, qual prece,

assim nascem as canções,

- pérolas que, sem ter pressa,

tomam forma que se expressa

a refletir emoções!...


De quem nada quer provar, 

e nada pode esperar

de seu viver sem razão,

nasce, - talvez -, uma canção,

se nada tem a perder,

e está livre pra dizer

o que diz seu coração!...


E da paixão mais sincera,

pressentindo a primavera

a lhe dar inspiração,

ao nascer d'uma quimera,

recompensa d'uma espera,

- vai nascer outra canção!...


Cláudio Luiz Sá Brito Machado