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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A COLINA DAS PANDORGAS






                            Das lembranças
                                                   de minha infância... 
          


Lembro como se fosse hoje!...
Sobre o muro do quintal, 
bem ao lado do portão,
eu, menino, olhava ao longe
a colina verdejante,
onde o vento corria errante, 
erguendo as pandorgas aos céus,
num já distante verão...




No azul do firmamento, eu via,
admirado, as andorinhas,
fazendo mil travessuras,
- e à distância, nas alturas,
uma pandorga colorida, 
em seu bailado esquecida,
que, lento, escapava co'a linha
e com o vento se ia!...



Mas presa em mim, uma ânsia
queria ser livre para ir à colina,
e ver de perto aquela gente pequenina,
quase, quase sumida na distância!...
Pra voar qual andorinha,
qual a pandorga pelo céu azul,
sem porto certo, com o vento sul,
e em meu peito não mais viver sozinha!...



Que segredos, que magia,
que fascínio havia 
lá na distância!...
Que recantos ela escondia,
na inocente fantasia
de minha infância!...



Hoje a colina não mais existe...
O menino não é mais criança...
As pandorgas não bailam nos ares
- e aqueles ventos - onde andarão?...
Lá está agora uma paisagem triste,
que desfaz o verde na minha lembrança,
onde nunca encontrei os lugares
das pandorgas libertas de então!...





Cláudio Luiz Sá Brito Machado
Escrito no ano de 1985